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Este microbook é uma resenha crítica da obra: The courage to be happy
Disponível para: Leitura online, leitura nos nossos aplicativos móveis para iPhone/Android e envio em PDF/EPUB/MOBI para o Amazon Kindle.
ISBN: 978-65-5564-034-2
Editora: Editora Sextante
Todo este livro é baseado na conversa entre um jovem com um filósofo. O bate-papo ocorre três anos depois de uma visita em que aprendeu muita coisa com o homem cheio de sabedoria e reflexões profundas. Agora, a intenção é ter um encontro alegre e amigável. Na primeira vez em que dialogaram, havia a promessa de nunca mais rebater argumentos trazidos pelo filósofo.
Mas logo de cara, uma pergunta difícil precisava ser feita. O jovem queria saber se a psicologia adleriana era uma religião. A explicação foi mais simples do que o imaginado. Afinal, o termo resume as ideias criadas por Alfred Adler, consideradas uma linha da psicologia. E esta é, basicamente, uma ciência.
Mas há aspectos que não parecem ser científicos, porque esta é uma área que lida com a psique e não pode ser completamente representada por uma fórmula matemática. Isso está claro, mas o problema é que Adler fala sobre as pessoas em termos de ideais. É o mesmo tipo de clichê usado pelos cristãos em sermões sobre o amor ao próximo.
Se alguém estiver se referindo a uma definição estrita, não se trata de uma ciência pura, que possa ser refutada. Adler afirmou que sua psicologia era uma ciência, mas, quando começou a explicar seu conceito de sentido social, muitos colegas romperam com ele. A opinião geral era muito parecida com a do jovem.
E esta é a reação natural de qualquer um que esteja interessado na psicologia como uma ciência. Mas, por fim, não é de uma religião que falamos ao tratar da psicologia adleriana.
Há uma história continuamente manipulada pelos poderes de cada época, com grande habilidade. Segundo a lógica dos que frequentam as altas classes da sociedade, sempre quem está no comando de algum grupo se acha justo. Todas as cronologias e livros de história são compilações de origem desconhecida, com a finalidade de provar a legitimidade daqueles que comandam povos e definem o destino de milhares ou até milhões de pessoas.
E por que o agora é sempre mais correto que os tempos idos? Quando uma autoridade é destituída, o novo governante reescreve o passado com o propósito de explicar a própria legitimidade. A partir daí, entendemos como aquilo que passou, no sentido mais básico da palavra, tecnicamente não existe. Afinal, pode ser modificado de acordo com a vontade de quem dá as cartas na atualidade.
Se um grupo armado tentar um golpe de Estado e fracassar, será difamado nos livros como verdadeiros traidores. Se der certo e o governo cair, terão os nomes lembrados como heróis que combateram a tirania.
A história é reescrita pelos vencedores o tempo todo e o mesmo acontece com cada um de nós, indivíduos comuns. Reunimos o melhor de nós, reescrevendo o passado como quisermos para provar a legitimidade de quem somos neste momento.
Pare e pense: quantas vezes você mesmo não buscou demonstrar ser uma pessoa muito melhor do que em outros tempos? Por essas e outras, e por mais contraditório que possa parecer, o que já aconteceu pode, sim, ser modificado no decorrer do tempo.
E quando em meio a problemas pessoais, um lado acusa outra pessoa de ser malvada, enquanto se diz um coitadinho, colocando-se como vítima na situação de conflito que anda lhe tirando o sono? É possível lidar com esse tipo de situação sem recorrer ao clichê de heróis e vilões?
A maioria das pessoas que faz terapia começa se colocando assim, relatando um caso de infortúnio que causou abatimento devido às maldades de um terceiro, seja familiar, colega de trabalho ou mesmo cônjuge. Pacientes se queixam da infelicidade, do ódio por quem os atormentam e da sociedade na qual estão inseridos.
Esse tipo de relato não acontece apenas na orientação psicológica, mas também em conversas com pessoas próximas. Quando oferecemos apoio a alguém, não é fácil ter consciência se a conduta analisada é certa ou errada. Mas normalmente, quase sempre as pessoas enxergam esses dois campos opostos, sem se atentar às diversas nuances entre ser puramente bonzinho ou um vilão por completo.
Culpar “aquela pessoa malvada” ou apelar para o “coitadinho de mim” traz algum conforto temporário, mas não leva a uma solução de verdade. É necessário ir além disso. A vida não é uma obra de ficção e todos somos constituídos de uma variedade ampla de cores. Nem tudo é preto no branco.
Volta e meia estamos errados, em outros casos estamos certos. Somos sempre humanos, entre características boas e ruins. Ninguém é permanentemente malvado, tampouco é possível se colocar como vítima de todos que nos rodeiam o tempo todo.
Ao compreender esse aspecto, nossa vida fica melhor, mais madura e com mais chances de atingir a felicidade. Isso porque tomamos coragem de encarar as dificuldades dos relacionamentos humanos como eles são, de fato, sem ter o vitimismo como muleta, tampouco a vilanização, por completo, de outras pessoas.
Passamos da metade deste microbook com um exercício imaginativo. Pense que você está conversando com alguém e o diálogo envereda por um caminho negativo. Sua posição no debate é de desvantagem ou de só ter argumentos irracionais.
Se uma pessoa tenta convencer as outras sem violência, mas com coação, levantando a voz ou batendo a mão na mesa e até mesmo chorando, a conduta pode ser considerada uma comunicação violenta e barata em termos de tempo e esforço.
Pouco importa se quem estiver gritando use boas respostas em meio à conversa, mas uma conduta mais repressiva intimida as outras pessoas, visando a buscar posturas de submissão rápida, é sinal de tolice e imaturidade. Bons educadores não podem recorrer a esse tipo de atitude.
Muitos adultos justificam suas exaltações alegando que apenas dão broncas em quem precisa ouvi-las. Isso não muda o fato de que estão tentando manter outras pessoas submissas, apelando ao uso da força. Pode-se dizer que essa é uma desculpa cruel, pois revela a convicção, por parte desses adultos, de que estão fazendo a coisa certa.
De fato, saber conversar é uma arte e nem todos estão preparados para colocar essa habilidade em prática de maneira efetiva e com bons resultados. Uma exaltação, por menor que seja, entra na mesma categoria das repreensões puras e simples.
Tudo bem, você entendeu a lição anterior, parou de dar broncas, não perde mais tempo questionando as causas do mau comportamento das pessoas ao redor, como filhos e alunos. E agora, o que fazer? Como transmitir lições positivas?
O filósofo tem uma resposta simples. Sempre que as palavras de autorreflexão forem forçadas, nada resultará delas. É o esperado. As pessoas muitas vezes são obrigadas a escrever textos de desculpas ou de autorreflexão, mas apenas com o objetivo de serem perdoadas. É por isso que não há resultados práticos.
É improvável que isso se torne algo mais do que instrumentos de autossatisfação para aquele a quem o texto se destina. De toda forma, quando alguém segue cometendo erros, só se pode questionar o modo de vida da pessoa. Ou seja, o homem é responsável por permanecer em sua própria condição de menoridade perante o universo. Se, de outra forma, ainda se pensa ser muito grande ou relevante perante o mundo cheio de alternativas, bilhões de pessoas e estrelas ao redor, bem, melhor esperar.
Broncas e exaltações têm mais função de alimentar o ego de quem vomita palavras duras do que mudar a vida de quem as ouve. E se quem é obrigado a ouvir a repreensão não sente vontade de mudar, de nada adianta falar, falar e falar. Cada um de nós pode escolher a própria vida, sem a necessidade de conselhos e sermões eternos.
Chegou a hora de mudar de vida e buscar a felicidade plena. Você precisa entender a necessidade de amar as pessoas ao seu redor. Esse sentimento é uma tarefa a ser cumprida a dois. Ou mais.
Ninguém consegue, de fato, entender o que é o amor quando não se dá conta da necessidade de enxergar a própria pequenez. Pessoas que o cultivam buscam a felicidade ao se colocarem no lugar do outro. Só assim é possível chegar lá.
Vivemos em busca de uma vida mais feliz. Para isso, temos que nos empenhar em nossas relações interpessoais. Todos os problemas humanos caminham com o relacionamento interpessoal. E toda felicidade humana é dada no relacionamento interpessoal. Em termos concretos, é a sensação de contribuição com o mundo, o ambiente e as pessoas que nos cercam.
Para aplicar a coragem de ser a partir de agora, pratique o amor. Olhe pelo outro, procure ouvir e não apenas falar. Mudando o foco, sua vida muda. Está esperando o quê?
Você é feliz? Se a resposta for negativa, o que tem feito para mudar esse cenário e desfrutar de uma vida melhor? O diálogo entre o jovem e o filósofo deixa claro que viver com felicidade plena é um ato de coragem, não se trata de mero acaso. É preciso ter a humildade de olhar para o outro, entender cenários e não se achar o centro do universo. É hora de fazer uma escolha, buscar um novo caminho e aproveitar uma vida melhor, deixando as reclamações para trás. A felicidade é possível!
Confira no microbook O poder do mito como as mitologias nos cercam e precisam ser estudadas para entender comportamentos individuais e coletivos.
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